Para o povo pactuado de Deus, reverenciar imagens esculpidas na sua adoração era dividir a devoção exclusiva que se devia a Deus. Portanto, sempre que Israel se apartava de Deus e adorava as esculturas feitas pelas suas próprias mãos, compreensivelmente perdiam o favor divino. — Jz 18:18, 30, 31; 2Rs 21:7-9; 2Cr 33:7, 22; Ez 8:10.
Por outro lado, as obras esculpidas feitas para o tabernáculo e para o grande templo de Salomão não eram para ser adoradas, mas destinavam-se a fins decorativos e para transmitir um sentido simbólico.
O próprio Senhor Deus ordenou que se fizessem essas esculturas, e Ele colocou seu espírito sobre Bezalel e Ooliabe, artífices peritos escolhidos para supervisionar a construção do tabernáculo. (Êx 35:30, 31, 34) Objetos tais como o candelabro, os querubins na tampa da Arca, os entalhes nas jóias do peitoral e a lâmina de ouro no turbante do sumo sacerdote são alguns dos exemplos de objetos esculpidos de ouro e de pedras preciosas no arranjo do tabernáculo. (Êx 25:18, 19, 31-40; 28:2, 21, 36) No templo de Salomão, havia esculturas em cedro, de querubins, de figuras de palmeiras, de flores e de ornamentos em forma de bagas, todos recobertos de ouro. (1Rs 6:18-35; 2Cr 2:7) De modo similar, havia uma grande quantidade de esculturas no templo pictórico visionado por Ezequiel. — Ez 41:17-20.
Nem Todas as Imagens São Ídolos. A lei de Deus para não fazer imagens (Êx 20:4, 5) não proibia a fabricação de toda e qualquer representação e estátua. Isto é indicado pela ordem posterior de Deus para fazer dois querubins de ouro sobre a tampa da Arca e para bordar representações de querubins na cobertura interna da tenda, constituída de dez panos de tenda para o tabernáculo, e na cortina que separava o Santo do Santíssimo. (Êx 25:18; 26:1, 31, 33)
Similarmente, o interior do templo de Salomão, cujos planos arquitetônicos foram dados por inspiração divina a Davi (1Cr 28:11, 12), era belamente ornamentado com figuras esculpidas de querubins, palmeiras e flores. Dois querubins de madeira de árvore oleaginosa, recobertos de ouro, estavam postados no Santíssimo daquele templo. (1Rs 6:23, 28, 29) O mar de fundição repousava sobre 12 touros de cobre, e os lados dos carrocins de cobre para uso no templo eram decorados com figuras de leões, touros e querubins. (1Rs 7:25, 28, 29) Doze leões perfilavam-se nas escadas que conduziam ao trono de Salomão. — 2Cr 9:17-19.
Tais representações, contudo, não eram ídolos para adoração. Apenas os sacerdotes oficiantes viam as representações no interior do tabernáculo e, mais tarde, no interior do templo. Ninguém, a não ser o sumo sacerdote, entrava no Santíssimo, e isso, apenas no Dia da Expiação. (He 9:7) Assim, não havia perigo de os israelitas ficarem enlaçados a ponto de idolatrar os querubins de ouro do santuário. Essas representações serviam primariamente como símbolo dos querubins celestes. (Veja He 9:24, 25.) Que não deviam ser venerados é evidente do fato de que os próprios anjos não deviam ser adorados. — Col 2:18; Re 19:10; 22:8, 9.
Naturalmente, houve ocasiões em que imagens se tornaram ídolos, embora originalmente não fossem projetadas como objetos de veneração. A serpente de cobre que Moisés formou no ermo veio a ser adorada e, por isso, o fiel Rei Ezequias a esmiuçou. (Núm 21:9; 2Rs 18:1, 4) O é**** feito pelo juiz Gideão tornou-se um “laço” para ele e para sua casa. — Jz 8:27.
As Escrituras não sancionam a utilização de imagens como meio de dirigir-se a Deus em oração. Tal costume colide com o princípio de que aqueles que procuram servir a Deus têm de adorá-lo com espírito e verdade.
(Jo 4:24; 2Co 4:18; 5:6, 7) Ele não tolera nenhuma mistura de práticas idólatras com a adoração verdadeira, conforme ilustrado por Sua condenação da adoração do bezerro, embora os israelitas tivessem ligado o Seu nome a esta. (Êx 32:3-10) Deus não divide sua glória com imagens esculpidas. — Is 42:8.
Não existe um único caso nas Escrituras em que fiéis servos de Deus tenham recorrido à utilização de ajudas visuais para orar a Deus ou tenham se empenhado numa forma de adoração relativa.
Naturalmente, alguns talvez citem Hebreus 11:21, que, segundo a versão do Centro Bíblico Católico, reza:
“Foi pela fé que Jacó, estando para morrer, abençoou cada um dos filhos de José e venerou a extremidade do seu bastão.” [A versão católica Douay, em inglês, reza “adorou o topo de seu bastão”.] Daí, numa nota sobre este texto, a Douay sustenta que Jacó prestou honra e veneração relativa ao topo do bastão de José, e faz o seguinte comentário: “
Alguns tradutores, que não são amigos desta honra relativa, corromperam o texto, traduzindo-o: ele adorou, inclinando-se sobre o topo de seu bastão.” No entanto, ao invés de ser uma corruptela do texto, como tal nota afirma, esta última tradução, e as variantes comparáveis, concordam com o sentido do texto hebraico em Gênesis 47:31, e têm sido adotadas até mesmo por várias traduções católicas, incluindo A Bíblia de Jerusalém.
Tal uso de imagens é inescusável perante Deus, pois contraria toda razão e inteligência e revela tolice, raciocínio vazio, bem como uma recusa de reconhecer fatos óbvios. (Is 44:14-20; Je 10:14; Ro 1:20-23)
As imagens mostrariam ser sem proveito; não dariam conhecimento, direção, nem proteção; sendo sem fala, indefesas e sem vida, uma conseqüente causa de vergonha. (Is 44:9-11; 45:20; 46:5-7; Hab 2:18-20)
Orar a deuses falsos e às suas imagens-ídolos é exposto como estupidez, pois os ídolos não têm a capacidade de ouvir nem de agir, e os deuses que eles representam são indignos de comparação com o Deus verdadeiro. (Jz 10:11-16; Sal 115:4, 6; Is 45:20; 46:1, 2, 6, 7)
Embora as imagens-ídolos talvez tenham ouvidos esculpidos ou entalhados nelas, elas, naturalmente, não podem ouvir e são impotentes para receber ou responder às orações de seus adoradores. — Sal 115:6.
Colocavam-se nos campos de Israel cultivados colunas, estacas ou outros dispositivos para espantar animais, e foi com tal mudo e inanimado “espantalho do pepinal” que o profeta Jeremias comparou as imagens feitas pelas nações idólatras. — Jermias. 10:5.
Quando Israel estava a caminho da Terra da Promessa, o povo passou entre nações pagãs e viu “suas coisas repugnantes e seus ídolos sórdidos, madeira e pedra, prata e ouro”. Ordenou-se-lhe “ter completa repugnância” de tais imagens religiosas como “algo devotado à destruição”, recusando-se a trazê-las para dentro de suas casas. (De 29:16-18; 7:26)
A disputa a respeito de divindade entre Baal e Jeová, realizada no monte Carmelo, demonstrou quão tolo é orar a deidades falsas. — 1Rs 18:21-39; compare isso com Jz 6:28-32.