Questão:
Alguem tem informações sobre a historia dos Valdenses?
anonymous
2010-09-19 07:56:32 UTC
Tornaram conhecido com este nome por causa de Pedro de Valdo.
Trzy respostas:
?
2010-09-19 08:02:42 UTC
Foi no ano 1545, na bela região de Lubéron, da Provença, no sul da França. Ali se reunira um exército para cumprir uma terrível missão, instigada pela intolerância religiosa. Seguiu-se uma semana de derramamento de sangue.



ALDEIAS foram arrasadas, e os habitantes foram presos ou mortos. Soldados brutais praticaram atrocidades cruéis num massacre que fez a Europa estremecer. Uns 2.700 homens foram mortos, e 600 foram mandados trabalhar em galés, sem se mencionar o sofrimento das mulheres e das crianças. O comandante militar que executou esta campanha sanguinária foi elogiado pelo rei francês e pelo papa.



A Reforma já havia dividido a Alemanha, quando o rei católico Francisco I, da França, preocupado com a expansão do protestantismo, fez indagações a respeito de supostos hereges no seu reino. Em vez de encontrar uns poucos casos isolados de heresia, as autoridades na Provença descobriram aldeias inteiras de dissidentes religiosos. Emitiu-se o edito para eliminar esta heresia e ele foi finalmente executado no massacre de 1545.



Quem eram esses hereges? E por que foram alvo de violenta intolerância religiosa?





Da riqueza para a pobreza





Os mortos no massacre pertenciam a um movimento religioso existente desde o século 12 e que abrangia uma grande região da Europa. A maneira em que esse movimento se espalhou e sobreviveu por vários séculos torna-o singular nos anais da dissidência religiosa.



A maioria dos historiadores concorda que o movimento teve início por volta do ano 1170. Na cidade francesa de Lyon, um comerciante rico, de nome Vaudès, interessou-se profundamente em saber como agradar a Deus. Pelo visto, induzido pela admoestação de Jesus Cristo, para que um certo homem rico vendesse os seus bens e ajudasse os pobres, Vaudès fez provisão financeira para a família e então abriu mão das suas riquezas para pregar o Evangelho. (Mateus 19:16-22) Ele logo tinha seguidores, que mais tarde ficaram conhecidos como valdenses.



A pobreza, a pregação e a Bíblia eram a principal preocupação na vida de Vaudès. O protesto contra a opulência clerical não era novidade. Já por algum tempo, diversos dissidentes clericais haviam denunciado as práticas corruptas e os abusos da Igreja. Mas Vaudès era leigo, assim como a maioria dos seus seguidores. Sem dúvida, isto explica por que ele achava necessário ter a Bíblia na linguagem vernácula, do povo. Visto que a versão latina da Bíblia, da Igreja, só era acessível aos clérigos, Vaudès comissionou uma tradução dos Evangelhos e de outros livros bíblicos para o franco-provençal, a língua entendida pelo povo do centro-leste da França. Agindo segundo a ordem de Jesus, de pregar, os pobres de Lyon foram às ruas com a sua mensagem. (Mateus 28:19, 20) O historiador Gabriel Audisio explica que a insistência deles na pregação em público tornou-se a questão decisiva na atitude da Igreja para com os valdenses.



De católicos para hereges





Naqueles dias, a pregação ficava restrita aos clérigos, e a Igreja reivindicava o direito de conceder a autorização de pregar. Os clérigos consideravam os valdenses ignorantes e iletrados, mas em 1179, Vaudès procurou obter do Papa Alexandre III a autorização oficial para pregar. A permissão foi concedida — mas sob a condição de que os clérigos locais a aprovassem. O historiador Malcolm Lambert observa que isto “equivalia praticamente a uma recusa total”.



Deveras, o Arcebispo Jean Bellesmains, de Lyon, proibiu formalmente a pregação por leigos. Vaudès respondeu por citar Atos 5:29: “Temos de obedecer a Deus como governante antes que aos homens.” Por não acatar a proscrição, Vaudès foi excomungado pela Igreja em 1184.



Embora os valdenses fossem banidos da diocese de Lyon e expulsos da cidade, parece que a condenação inicial foi de certa maneira teórica. Muitas pessoas comuns admiravam os valdenses pela sua sinceridade e seu modo de vida, e até mesmo bispos continuavam a falar com eles.



Segundo o historiador Euan Cameron, parece que os pregadores valdenses não se “opunham à Igreja Católica em si”. Eles apenas “queriam pregar e ensinar”. Historiadores dizem que o movimento foi praticamente impelido para a heresia por uma série de decretos, que progressiva e permanentemente o marginalizaram. As condenações feitas pela Igreja culminaram no anátema emitido pelo Quarto Concílio de Latrão contra os valdenses em 1215. Como isso afetou a pregação deles?



Passaram a agir às ocultas





Vaudès morreu no ano 1217, e a perseguição dispersou seus seguidores para os vales alpinos franceses, a Alemanha, o norte da Itália, e a Europa Central e Oriental. A perseguição também fez os valdenses estabelecer-se em zonas rurais, e isso limitou sua pregação em muitas áreas.



Em 1229, a Igreja Católica completou sua cruzada contra os cátaros, ou albigenses, no sul da França. Os valdenses tornaram-se a seguir os objetos de tais esforços. A Inquisição, em pouco tempo, se voltaria impiedosamente contra todos os opositores da Igreja. O temor fez com que os valdenses passassem a agir às ocultas. Em 1230, eles não mais pregavam em público. Audisio explica: “Em vez de procurarem novas ovelhas . . . , dedicavam-se a cuidar dos convertidos, mantendo-os na fé em face da pressão externa e da perseguição.” Ele acrescenta que “a pregação continuou essencial, mas mudara completamente na maneira em que era realizada”.





Suas crenças e suas práticas





Em vez de fazerem homens e mulheres empenhar-se na pregação, os valdenses, no século 14, haviam criado uma distinção entre pregadores e crentes. A essa altura, apenas homens bem treinados se empenhavam na obra pastoral. Esses ministros itinerantes, mais tarde, passaram a ser conhecidos como barbes (tios).



Os barbes, que visitavam famílias valdenses nos seus lares, empenhavam-se em manter o movimento vivo, em vez de difundi-lo. Todos os barbes sabiam ler e escrever, e seu treinamento, que durava até seis anos, baseava-se na Bíblia. O uso da Bíblia no vernáculo ajudava-os a explicá-la aos seus rebanhos. Até mesmo os opositores admitiam que os valdenses, inclusive seus filhos, tinham uma forte cultura bíblica e podiam citar grandes partes das Escrituras.



Entre outras coisas, os primeiros valdenses rejeitavam a mentira, o purgatório, missas pelos mortos, perdões e indulgências papais, e a adoração de Maria e de “santos”. Realizavam também celebrações anuais da Refeição Noturna do Senhor, ou Última Ceia. Segundo Lambert, sua forma de adoração, “na realidade, era a religião do leigo comum”.



“Uma vida dupla”





As comunidades dos valdenses eram muito unidas. As pessoas se casavam com outros membros do movimento e, no decorrer dos séculos, isto criou sobrenomes valdenses.



Na sua luta para sobreviver, porém, os valdenses procuravam ocultar seus conceitos. O segredo mantido sobre suas crenças e práticas religiosas facilitou aos opositores lançar contra eles acusações absurdas, por exemplo, dizendo que praticavam a adoração do Diabo.

Um modo de os valdenses combaterem essas acusações foi por transigirem e praticarem o que o historiador Cameron chama de “conformidade mínima” com o culto católico.



Muitos valdenses confessavam-se a sacerdotes católicos, assistiam à missa, usavam água benta e até participavam em peregrinações. Lambert observa: “Em muitos sentidos, faziam o mesmo que seus vizinhos católicos.” Audisio declara francamente que, com o tempo, os valdenses “levavam vida dupla”. Ele acrescenta: “Por um lado, ao que tudo indica, comportavam-se como católicos para proteger sua relativa tranqüilidade; por outro lado, observavam alguns ritos e hábitos entre eles para garantir a continuidade da comunidade.”





Da heresia para o protestantismo





No século 16, a Reforma mudou radicalmente o cenário religioso europeu. Vítimas de intolerância podiam procurar reconhecimento legal no seu próprio país ou emigrar em busca de condições mais favoráveis. A idéia de heresia também se tornou menos importante, visto que muitos haviam começado a questionar a ortodoxia religiosa estabelecida.



Já em 1523, o bem-conhecido reformador Martinho Lutero mencionou os valdenses. Em 1526, um dos barbes valdenses levou aos Alpes as notícias sobre os acontecimentos religiosos na Europa. A isto seguiu-se um período de intercâmbio, durante o qual comunidades protestantes compartilhavam idéias com os valdenses. Os protestantes incentivaram os valdenses a patrocinar a primeira tradução da Bíblia das línguas originais para o francês. Impressa em 1535, ela ficou mais tarde conhecida como a Bíblia Olivétan. Ironicamente, porém, a maioria dos valdenses não entendia o francês.



Com a continuação da perseguição causada pela Igreja Católica, grande número de valdenses se estabeleceu na região mais segura da Provença, no sul da França, assim como fizeram imigrantes protestantes. As autoridades foram logo alertadas sobre esta imigração. Apesar de muitos relatórios positivos a respeito do estilo de vida e da moral dos valdenses, alguns questionavam sua lealdade e os acusavam de serem uma ameaça para a boa ordem. Emitiu-se o edito de Mérindol, que resultou no horrível derramamento de sangue mencionado no início deste artigo.



As relações entre os católicos e os valdenses continuaram a piorar. Reagindo aos ataques contra eles, os valdenses até recorreram à força das armas para se defender. Este conflito os levou a ingressar no rebanho protestante. De modo que os valdenses se aliaram à corrente principal do protestantismo.
navenaz
2010-09-19 15:51:35 UTC
O MOVIMENTO VALDENSE



Pedro Valdo – comerciante de Lion – leu uma tradução francesa do Novo Testamento e ficou admirado com os ensinamentos de Cristo.

Então organizou (em meados da década de 1170) um grupo denominado os “Pobres de Espírito”.

Os indivíduos do grupo saiam em dois a dois, vestidos com simplicidade, para pregar aos pobres na sua língua.

Foram proibidos pela Igreja e excomungados em 1184.



Para os Valdenses:

· todos os homens deviam possuir uma bíblia em sua própria língua;

· a bíblia devia ser a autoridade final para a fé e para a vida;

· aceitavam as confissões ecumênicas modelares;

· aceitavam a eucaristia e o batismo;

· pregavam a ordenação de leigos para a pregação e a ministração dos sacramentos;

· o grupo tinha seu próprio clero, com bispos, sacerdotes e diáconos.



Valdo foi seu líder até sua morte em 1217.

Os valdenses anteciparam em 300 anos os aspectos da linha protestante.

Ainda hoje exercem atividades no norte da Itália.
Paracletus
2010-09-19 15:01:34 UTC
VALDENSES



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Os valdenses são uma denominação cristã que teve sua origem entre os seguidores de Pedro Valdo, morto em 1217. Ele era um comerciante de Lyon; criou sua religião por volta de 1174. Ele decidiu encomendar uma tradução da Bíblia para a linguagem popular e começou a pregá-la ao povo sem ser sacerdote. Ao mesmo tempo, renunciou a sua atividade e aos bens, que repartiu entre os pobres.



HISTÓRIA



Desde o início, os valdenses afirmavam o direito de cada fiel de ter a Bíblia em sua própria língua, sendo esta Bíblia a fonte de toda autoridade eclesiástica.



Os valdenses reuniam-se em casas de família ou mesmo em grutas, clandestinamente, devido à perseguição da Igreja Católica. Celebravam a Santa Ceia uma vez por ano. São considerados como uma igreja pré-reformada. Negavam a supremacia de Roma, rejeitavam o culto às imagens como idolatria e eram guardadores do sábado bíblico.



Foram duramente perseguidos na França e na Itália, instalando-se com maior concentração nos vales alpinos de Piemonte, norte da Itália.



DOUTRINAS



A principal base doutrinária dos valdenses é a chamada Confissão de 1120. É o documento mais antigo da Reforma Protestante e embora não se tenha idéia das condições ou dos autores que o elaboraram, constituiu-se num marco demarcatório para a formação de uma tradição confessional reformada, ainda que de modo algum seja essa tradição homogênea. E de fato o texto da confissão valdense tem poucos pontos em comum com a literatura confessional do século XVI, especialmente com os credos luterano e calvinista, embora não possa ser definido como uma peculiaridade distinta do resto do conjunto dos textos confessionais. Essas aproximações são, em suma, a perspectiva do juízo final (art.9), a explícita condenação da liturgia católica (artgs.10 e 11) e a concordância de que as ordenanças de Cristo dizem respeito apenas à ceia e ao batismo nas águas, sendo excluídas todas as demais. Nesse sentido, o documento confessional dos valdenses pode ser sim considerado um documento reformado, não obstante o perfeccionismo de sua doutrina e outras peculiaridades que são decorrentes do próprio contexto histórico em que se desenvolveu esse movimento. A idéia dos valdenses em torno da predestinação, em particular, aproxima bastante a visão desse grupo das concepções monergísticas dos movimentos do século da Reforma, embora seja difícil falar ainda de um monergismo radical que pressuponha, de algum modo, antevisões do calvinismo extremado do Sínodo de Dort ou da Confissão de Westminster. Mas é evidente que o contexto geral de uma sociedade manietada e dominada até a opressão por uma igreja onipresente e onisciente e cujos líderes espirituais eram mais déspotas do que curas de almas, acabaram influenciando o desenvolviemnto doutrinário do movimento valdense em direção não só à auto-exclusão do mundo, mas ao sectarismo mais radical, inclusive no que tange aos demais movimentos reformados considerados, no mínimo, tão despóticos e arbitrários quanto os sequazes do romanismo, e passando a exigir, por conseguinte, uma eclesiologia e uma dogmática que lhe fossem acessíveis e peculiares, definindo desse modo a sua identididade confessional.


Este conteúdo foi postado originalmente no Y! Answers, um site de perguntas e respostas que foi encerrado em 2021.
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