RESPOSTA A SUA PERGUNTA !!
Têm os sonhos algum sentido?
DESDE os tempos antigos e de quase toda era e cultura há evidência da preocupação do homem quanto ao significado dos sonhos. Têm sido interpretados de forma variada, “como mensagens divinas, como experiências de almas desencarnadas que perambulam pelo céu e pela terra durante o sono, como visitas dos mortos, como profecias do futuro, como percepções de estÃmulos externos ou perturbações fÃsicas da pessoa que dorme (o que Thomas Hobbes chamou de ‘o desarranjo das partes internas’), como cumprimentos ou tentativas de cumprimentos de vontades (Freud), como tentativas da parte do sonhador de discernir seu desenvolvimento psÃquico a fim de planejar para o futuro (Jung), como expressões do estilo de vida da pessoa (Adler), como soluções tentadas de conflitos (Stekel)”. — Scientific American, maio de 1951.
à provável que a maioria destas teorias ainda sejam levadas em conta com igual fervor hoje como o foram no passado. No entanto, o mundo inteligente de alguma forma mudou seu conceito no que tange ao chamado supernaturalismo nos sonhos. No passado, as pessoas consideravam certo que os sonhos se relacionavam ao mundo dos deuses sobrenaturais em que criam, e que os sonhos traziam a inspiração destes deuses. Atualmente, contudo, os intelectuais não relegam os sonhos ao domÃnio do sobrenatural ou do milagroso, mas os consideram produtos naturais da vida.
Que São os Sonhos?
Segundo Sigmund Freud, os sonhos são idéias desejadas ou indesejadas que surgem ao se adormecer e estas “são transformadas em imagens visuais e auditivas”. Eric Fromm, outro psiquiatra eminente, declarou que os sonhos eram “importantes comunicações de nós mesmos com nós mesmos”. Outro observador escreveu: “Sonhar é pensar enquanto se dorme. à uma forma peculiar de pensar em que as concepções ou idéias são expressas, não em forma de palavras ou de desenhos, como na vida desperta, mas em forma de imagens, usualmente imagens visuais. . . . Por excêntrico processo que não compreendemos, a pessoa adormecida pode ver seus próprios pensamentos incorporados em forma de figuras. Quando comunica seu sonho a outra pessoa, comunica seus pensamentos, quer saiba disso quer não.”
Por que, então, a maioria de nossos sonhos são ilógicos? Principalmente porque, nos sonhos, nossos pensamentos não são censurados pela lógica da mente consciente. As barreiras entre os dois nÃveis, o consciente e o inconsciente, são levantadas, e a imaginação está livre para voar alto, misturando o passado com o presente com igual facilidade. A mente intelectual está descansando e abandona-se o raciocÃnio. Assim, com inteira despreocupação, o sonhador põe à s avessas as leis mais básicas e familiares da experiência e da natureza. Não fica surpreso de ver uma rocha flutuar, um cão ler, um homem planar no ar com a maior facilidade. Estes sonhos fantásticos e ilógicos, não temperados pela razão e a memória, parecem naturais ao sonhador.
No entanto, de vez em quando nossos sonhos são lógicos. Isto se dá especialmente quando as operações mentais continuam ao se dormir. Condorce, o famoso matemático, resolveu num sonho um difÃcil problema que o atordoava quando desperto. Frederick Kekule, o quÃmico alemão, conseguiu completar com êxito sua fórmula da teoria do benzeno com a ajuda dum sonho. Agassiz, o famoso naturalista, ficou intrigado em montar um peixe fossilizado. Num sonho, viu o peixe em sua forma completa. Armado desta imagem ditada pelo sonho, chegou à conclusão correta e formulou o peixe fossilizado. E era exatamente como visualizara em seu sonho.
Há sobrepujante evidência, cuja verdade não pode ser razoavelmente duvidada, que atesta a validez da declaração de que os “processos mentais do despertamento talvez continuem ao dormirmos e sonharmos, a atividade mental aumentado um tanto antes que diminuindo, os problemas se resolvendo como que por mágica, e nomes há muito esquecidos surgindo de forma espontânea na mente”. Usualmente, este tipo de sonho surpreende e assusta ao sonhador com sua forma vÃvida e pela exatidão de lugares há muito esquecidos, ou de coisas jamais lembradas. Tais sonhos no passado foram atribuÃdos à inspiração dos deuses. Agora são conhecidos como funções naturais da mente.
Sonhos SuscetÃveis aos EstÃmulos FÃsicos
Os sonhos revelam também uma origem fÃsica em sua suscetibilidade aos estÃmulos fÃsicos, e sua sensitividade aos estados do corpo. Sir Thomas Browne escreveu: “Os médicos nos dirão que certos alimentos nos tornam turbulentos, alguns nos dão sonhos tranqüilos. Cato, que apreciava excessivamente o repolho, talvez sentisse os cruéis efeitos do mesmo em seu sono; ao passo que os egÃpcios talvez verificassem certas vantagens em sua abstinência supersticiosa de cebolas. Pitágoras talvez tivesse sonos mais tranqüilos se se tivesse abstido por completo de feijões.” (History of Dreams [História de Sonhos], de Ratcliff) Os alimentos que mais provavelmente estimularão sonhos, segundo Science Digest, de abril de 1947, são: “Abacaxi fresco, bananas, pepinos, melancia e farelo puro.” Sabe-se que a fome induz sonhos de deliciosos bolos, de alimentos repugnantes; e, a sede, de rios se secarem, de desertos escaldantes, e tempo insuportavelmente quente. As drogas provocam sonhos paradisÃacos e o álcool tende a provocar sonhos desagradáveis, especialmente de cobras, percevejos e animais esquisitos. Estes fatos, por conseguinte, substanciam a afirmação de Hildebrandt de que “seja o que for que o sonho nos ofereça, tira sua matéria da realidade e da vida psÃquica centralizada nesta realidade”.
O fato de os sonhos serem influenciados por sensações desconfortáveis do corpo e por barulhos tendem ainda mais a mostrar que são as funções naturais da mente. Por exemplo: “Uma colcha apertada contra o braço é um abraço, ou um peso enorme sobre o peito; uma palha entre os dedos do pé é o mesmo que fincar o pé numa estaca pontiaguda; escorregar a roupa da cama é o mesmo que andar nu de um lado para outro; gotas d’água que caiam na boca talvez resultem num sonho de se nadar; um lenço de seda sobre o nariz e a boca, de ser enterrado vivo; e uma cataplasma de mostarda sobre a cabeça, de escalpamento.” A respeito de ruÃdos, Jessen escreve: “Todo ruÃdo indistintamente percebido dá lugar a representações de sonhos correspondentes; o rugido do trovão nos leva ao auge da batalha, o cacarejar do galo talvez se transforme em gritos humanos de terror, e o ranger duma porta talvez conjure sonhos de assaltantes penetrando pela casa. . . . Caso metamos a cabeça debaixo do travesseiro, imaginaremos enorme rocha pendurada sobre nós e prestes a esmagar-nos sob seu peso.”
Ademais, os sonhos talvez resultem de sérios desarranjos dos órgãos internos não percebidos conscientemente. A pessoa que sofre de afecção cardÃaca geralmente terá sonhos breves, e “a morte sob terrÃveis circunstâncias quase sempre faz parte de seu conteúdo”. Alguém que sofra de doenças pulmonares sonha com o sufocamento, de que se sente esmagado, e sofre pesadelos. “Todas as sensações fÃsicas”, declara W. J. Fielding, “especialmente as relacionadas aos vários órgãos e glândulas do sistema, continuamente influenciam os sonhos . . . embora talvez não estejamos cônscios do fator causativo”. (Journal of Living [Jornal da Vida], junho de 1952) “Por causa deste fato”, disse Freud, “alguns autores médicos, que certamente não criam na natureza profética dos sonhos, admitiram a importância dos sonhos, pelo menos no que toca a predizer a doença”.
“Sonhos Proféticos”
Como podem ser explicados os chamados sonhos proféticos em que as pessoas foram avisadas a não viajar em certo ônibus, automóvel ou avião que mais tarde enfrenta a tragédia conforme previsto no sonhos? Também, muitos falam de sonhos que predisseram eventos de suas vidas que realmente se realizaram, tais como encontrar certa soma de dinheiro, doenças, conseguir empregos, a chegada de visitas. Como podem ser entendidos ou explicados tais sonhos?
Science Digest, de abril de 1947, declara: “Embora haja várias teorias, a explicação mais amplamente aceita envolve o fenômeno conhecido como percepção extra-sensorial, que é a habilidade que se diz que alguns possuem de ler e saber de coisas que não foram realmente captadas pelos seus sentidos fÃsicos. Um grande número de autoridades, contudo, inclinam-se a considerar com ceticismo os sonhos proféticos. O grande psicanalista, Alfred Adler, investigou muitos casos de sonhos proféticos aparentes e verificou que eram invariavelmente acompanhados de um estado de ansiedade que ele cria que movia o paciente a sonhar que tinha acontecido o que temia. Outros céticos crêem que tais sonhos dependem principalmente da coincidência. Havendo milhares de pessoas que sonham sobre eventos vindouros, é somente natural que algumas delas devam, ocasionalmente, acertar em cheio.”
W. J. Fielding, autor de “Psicanálise — A Chave do Comportamento Humano”, ilustra como isto poderia facilmente acontecer: “Suponhamos”, disse ele, “que haja um desastre de avião. Agora, os aviões aparecem com bastante freqüência nos sonhos das pessoas, e, em qualquer noite determinada haverá várias pessoas em diferentes partes do paÃs que tenham sonhos sobre aviões. Aviões voando, caindo, incendiando-se — seja lá o que for. Ao saber do desastre, o sonhador lembra-se de seu sonho e vê uma relação profética. Em realidade, talvez haja pouca ou nenhuma semelhança entre os dois eventos; mas, pelos despachos noticiosos, o sonhador inconscientemente enche o seu sonho de pormenores para corresponder ao desastre, molda-o, rejeita o que é irrelevante — até que, vejam só, dispomos de um exemplo convincente de um sonho profético. Ou, tome-se o exemplo de certa mãe que se preocupa com a segurança de seu filho que brinca na rua. Quantas vezes por dia lhe passa pela mente uma idéia de aviso! à noite, ela sonha com acidentes e perigo. DaÃ, caso aconteça algum infortúnio realmente, o último destes sonhos ansiosos é facilmente aceito como experiência profética.”
A BÃblia e os Sonhos
Como podemos reconciliar isto com o registro bÃblico de sonhos proféticos? Desta forma: A BÃblia deveras menciona sonhos inspirados por Deus, mas não diz que todo sonho provém de Deus. Efetivamente, a BÃblia avisa sobre sonhos falsos. Desde os dias de Adão até Abraão, um perÃodo de mais de dois mil anos, não há na BÃblia nenhum registro de sonhos. Sem dúvida, os homens sonharam nesse perÃodo de tempo da mesma forma que o fazem hoje. Não temos razão para crer que tenha sido diferente. A razão de não ser feita nenhuma menção deles no Registro divino, podemos presumir, e que não tinham significado. Não tinham nada que ver com os propósitos do Deus Onipotente.
Mas, quando Deus começou a lidar com o homem de forma especial, como fez com Abraão (Gên. 12:1-3), pelo menos em diversas ocasiões, inspirou os homens com sonhos para esclarecer-lhes ou avisá-los de Sua vontade e Seu propósito. Quando os homens foram assim inspirados, não havia nenhuma dúvida na mente deles de que o sonho provinha de Deus. (Dan. 2:3, 4; Mat. 2:12, 22) Quando o Rei Abimeleque tirou Sara de Abraão, Deus o avisou num sonho que não tocasse nela para que ele e sua nação não morressem. Abimeleque sabia que o sonho provinha de Deus e imediatamente devolveu Sara, junto com presentes, e pediu desculpas pelo seu comportamento errado, inintencional. Deus, desta forma, protegeu seu servo; também, manteve limpo e incontaminado o canal por meio do qual viria o Descendente prometido. (Gên. 20:3, 6) Como neste caso, assim também em todos os demais casos registrados nas Escrituras em que Deus inspirou sonhos; foram fornecidos primariamente para o esclarecimento de Sua vontade a respeito de suas promessas ou para influenciar diretamente o desenrolar bem sucedido de seu propósito.
Deus avisa sobre sonhos falsos e sonhadores. “‘Sou eu um Deus que está próximo’, é a pronunciação de Jeová, ‘e não um Deus longÃnquo?’ . . . ‘Ouvi o que disseram os profetas que profetizam falsidade em meu próprio nome, dizendo: “Tive um sonho! Tive um sonho!” Até quando existirá no coração dos profetas que profetizam a falsidade e que são profetas da ardileza do seu próprio coração? Pensam em fazer meu povo esquecer-se do meu nome mediante os seus sonhos que continuam a narrar um ao outro, . . . ‘Eis que sou contra os profetas de sonhos falsos’, é a pronunciação de Jeová.” (Jer. 23:23, 25-32) Deus não nutre prazer algum em falsários e mentirosos.
Ao redor do mundo, milhões de sonhos são tidos a cada noite; nenhuma pessoa sensata afirmaria que Deus é responsável por todos eles; então, como poderÃamos afirmar verazmente que ele seja responsável por qualquer sonho, além daqueles que Ele inspirou e que se acham registrados na sua Palavra? Os loucos têm sonhos loucos. Seremos suficientemente tolos para afirmar que provêm de Deus? Os ateus e os infiéis também têm sonhos. Seremos tão mÃopes a ponto de afirmar que tais sonhos provêm de Deus? Inspiraria Deus sonhos falsos, tais como as crianças têm de Papai Noel; ou da espécie que os adultos têm de cavalos voadores e de rochas flutuantes? à Deus responsável pelos sonhos imorais? Inspira ele os sonhos que os animais e as aves têm?
Não é apenas crassa estupidez, mas é blasfêmia acusar a Deus de nossos devaneios noturnos. Os crédulos parecem ficar com o coração mais alegre com uma interpretação aparentemente bem sucedida do que pelo desapontamento de milhares de interpretações que não se confirmaram. “Fico extremamente surpreso”, disse CÃcero, “de que, embora as pessoas tenham bastante inteligência para não dar nenhum crédito a um notório mentiroso, até mesmo quando ele fale a verdade, elas não cheguem sequer a desconfiar de um único caso por causa do número de vezes em que verificaram serem falsos, pensando que a multidão de sonhos se confirma por causa da verdade averiguada deste”.
Desde o término da escrita do cânon da BÃblia, Jeová Deus não tem lidado com seu povo devotado a não ser através de Sua organização e Palavra. Seu povo avalia isto. Dispõem da expressão de sua vontade exposta nas Escrituras, e não há necessidade alguma de serem informados por meio de sonhos.